quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Presidente argentino muda política cambial e facilita compra de dólares

Imagem: www.newyorker.com
O novo presidente argentino, Mauricio Macri, facilitou a compra de dólares para o público. A medida foi adotada em conjunto com a atual campanha do chefe do executivo para aumentar a produção industrial, agrícola e as exportações do país, contrariando as políticas adotadas pela administração Kirchner ao longo da década precedente. A política kirchnerista da "cruzada contra o dólar" resultou em forte desvalorização da moeda do país, encolhimento da atividade industrial e desemprego, além de ter sido responsável pela volta intensa do câmbio paralelo de dólares, que havia desaparecido do país ao longo da década de 1990. O dólar é, desde a década de 1980, o "refúgio" para o qual as famílias argentinas escapam em tempos de instabilidade econômica. 

A decisão de Macri surge poucos dias após a sua declaração de objetivo de duplicar a produção industrial do país, bem como de aumentar a exportação de gêneros alimentícios - o governo atual reduziu significativamente a tributação (de exportação) para inúmeros produtos, cortando completamente os encargos, para alguns, como a soja. A movimentação econômica promovida pela nova administração já provoca medo em outros países, considerando que a Argentina disputa com a Ucrânia a posição de terceira maior produtora de milho do mundo, mas também se destaca na exportação de produtos derivados de soja. As medidas de cortes de impostos e estímulo às atividades agrícolas e industriais estão sendo recebidas com euforia pela população, que sofreu com medidas ineficazes e autoritárias adotadas pelo governo "bolivariano" anterior: Cristina Kirchner chegou, em 2014, a aumentar as restrições para a saída de pessoas do país, ampliando exigências burocráticas para qualquer viagem ao exterior - os cidadãos foram literalmente forçados a apresentar até 32 documentos às autoridades aduaneiras, por duas vezes, antes de serem autorizados a embarcar em vôos internacionais. A presidente também criou grandes dificuldades para a compra da moeda americana, efetivamente proibindo os cidadãos de adquirirem o dólar.

O novo presidente assumiu há poucos dias e já está promovendo uma reviravolta econômica importante no país sul-americano, que é o segundo do Mercosul a trocar um governo de um partido integrante do Foro de São Paulo por um executivo de orientação conservadora ou liberal - o primeiro país a realizar a mudança foi o Paraguai, que mudou a orientação política oficial com a destituição de Fernando Lugo, em 2012. O grupo de países que seguem a ideologia professada por Cristina Kirchner, o chamado "socialismo do século XXI" ou "bolivarianismo", passa por graves crises econômicas, com desemprego, desabastecimento e inflação em alta - o Brasil passa pela mais importante crise econômica desde a década de 1980, e a expectativa é que o aumento nos preços chegue a 10% no fim do ano (em 2008, a inflação no país era de aproximadamente 5%). A Venezuela também sofre com uma grave crise, e tem a pior inflação do continente e a segunda pior inflação do mundo, em 56,2% - perde apenas para a Síria, que vive uma guerra civil responsável pela morte de mais de 190 mil pessoas, até o momento. Toda a américa observa com atenção as mudanças econômicas promovidas por Mauricio Macri, e espera que essas medidas ajudem o povo argentino a viver com maior prosperidade econômica e emprego.

A ex-presidente Cristina Kirchner mostrou-se decepcionada com a perda na campanha eleitoral de seu indicado, e não foi assistir à cerimônia de posse de Macri. A antiga chefe do executivo parece não concordar que o povo argentino possa comprar dólares ou viajar para fora do país, porque, conforme a ideologia oficial de seu governo, estes seriam gestos "pouco patrióticos". Cristina, todavia, é conhecida no país por possuir ela mesma uma fortuna superior a três milhões de dólares, no exterior. Ao que tudo indica, com o governo Macri, "pau que bate em Chico, bate em Kirchner".

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