Manifestante cubana presa Imagem: Euronews |
Ontem, quinta-feira, dia 10, manifestantes da dissidência política cubana foram às ruas do país caribenho para exigir libertação de prisioneiros e protestar contra a violência do regime comunista comandado por Raúl Castro. Os protestos foram organizadas pelo movimento chamado "Damas de Branco", composto por esposas de vítimas do sistema totalitário, incluindo cônjuges de prisioneiros dos campos de concentração das UMAP (Unidades Militares de Assistência à Produção, o equivalente cubano ao GULAG da extinta União Soviética e ao Lao Gai da República Popular da China) e indivíduos fuzilados pelo regime. Mais de cem pessoas foram detidas após as manifestações ocorridas em celebração ao "Dia dos Direitos Humanos" deste ano - 10 de dezembro.
Conforme apontam os autores Carlos Llorens e Clàudia Pujol em sua obra Disidentes de Cuba - Las voces que Castro no ha podido silenciar, o governo comunista de Fidel e Raúl Castro já é responsável pela morte de mais de 77.000 pessoas, incluindo indivíduos mortos pela fome nos campos de trabalho forçado, dissidentes fuzilados por crimes de opinião ou por resistirem ao regime e ainda pessoas mortas em tentativas de fuga pelas forças policiais cubanas ou durante a travessia para o exterior. O governo cubano, ainda segundo Llorens e Pujol, também é responsável por incitar atos de violência e intimidação aberta a dissidentes políticos, atos de perseguição a negros - como Ramón Humberto Colás, chamado de "negro de merda" por agentes do regime comunista, ou ainda como Carlos Moore, autor do livro Marxismo e a Questão Racial que após inúmeros episódios de perseguição racista e discriminação promovido por oficiais do Estado contra si, decidiu escapar do país, passando a viver no Brasil - homossexuais, manifestantes de diversas organizações em prol dos direitos humanos e até mesmo funcionários da Cruz Vermelha, vista como agente do imperialismo Estado-Unidense e Europeu e, portanto, uma organização inimiga da ideologia oficial do partido único que governa o país desde o fim da década de 50.
Segundo o portal Euronews, as manifestantes da organização Damas de Branco foram presas após lançar palavras de ordem como "Liberdade para o povo de Cuba". Não é a primeira vez que o regime comunista alveja mulheres militantes da organização por direitos humanos: Berta Soler, uma das representantes das Damas de Branco, afirma que, em 2012, havia ao menos 22 integrantes nas prisões do regime. As mulheres do grupo também passam por outros tipos de problemas, ainda de acordo com Llorens e Pujol: nas tentativas de contactar oficiais dos serviços de segurança do governo cubano para pedir a libertação de seus maridos ou para realizar visitas aos detidos, elas são submetidas a ofensas e humilhações físicas (incluindo revistas abusivas, por parte de homens da polícia política). A prisão em massa na manifestação das Damas de Branco, em uma data simbólica como o dia dos direitos humanos, contradiz a imagem de abertura que o governo de Raúl Castro tenta divulgar para o exterior, apesar das mudanças econômicas promovidas até o momento.
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