Imagem: Tribuna Hoje |
As manifestações ocorridas em 2015 contra a presidência de Dilma Rousseff causaram danos importantes à imagem da presidente, e não há dúvida de que desempenharam papel significativo no acolhimento do pedido de impeachment, que seria absolutamente impensável antes da onda de descontentamento popular que varreu todas as regiões do Brasil. Eduardo Cunha, com toda a astúcia que um político pode ter, não seria capaz de causar tamanho transtorno sem a vasta quantidade de demonstrações de apoio à derrubada do poder petista. O processo político que caracteriza a primeira etapa do impeachment depende em grande medida da pressão popular sobre os parlamentares, para que, de fato, o mandato do Partido dos Trabalhadores tenha fim - sem prejuízo de eventuais julgamentos na esfera penal, que poderiam resultar na inédita prisão de um presidente da república.
Se as pesquisas de opinião dão fortes indicativos de que a situação do governo não é confortável, a expressão crua da "vox populi" é prova absoluta do colapso da autoridade. Nunca na História da humanidade algum chefe de Estado ouviu as coisas que Dilma ouviu. Nunca houve um povo que mandasse seu governante... enfim, aos gritos, em coro, diante de líderes de organizações internacionais, da mídia e daquele curioso animal tão raro no Brasil, a vergonha. Há poucas expressões que dêem conta de descrever o que Dilma Rousseff passou - e passa, aliás -, mas "vergonha" ajuda a entender o problema, ainda que em proporções himenópteras. Vergonha é o que alguém sente ao tropeçar e cair de cara, na rua. Vergonha é o que alguém sente a perceber que está com os incisivos sujos. O que Dilma passou foi a humilhação absoluta, a destruição da dignidade própria em praça pública, algo que têm paralelo, talvez, na deposição de Ceausescu - que além de humilhante em extremo, situação de verdadeiro ridículo e até mesmo de pavor, provocado pela fúria popular, foi de uma selvageria poucas vezes igualada. No momento em que a grande humilhação aconteceu, começou a lenta agonia do governo petista, que jaz acamado a poucos suspiros da morte.
Os primeiros impulsos em direção ao abismo, à catástrofe final do sistema do Foro de São Paulo, foram dados na rua, na onda de manifestações de 2013 convertida em revolta conservadora-liberal, contra os valores defendidos pelo partido. Tudo que o PT precisa para desabar em direção às profundezas do esquecimento é um empurrão. As novas manifestações podem ser o último toque antes do fim. Os próximos meses decidirão o futuro do partido de Lula e do país, e marcarão a escolha definitiva a ser feita entre dois modelos políticos e econômicos: o Foro de São Paulo ou o Capitalismo.
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