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Leandro Narloch continua cometendo o erro de análise, raciocinando a partir de chavões, e sua resposta à crítica que sofreu de Olavo de Carvalho dá testemunho disso. O homem ainda não entendeu que a discussão não diz respeito ao que se pensa a respeito dos imigrantes, mas àquilo que os imigrantes oriundos das áreas dominadas pelo Estado Islâmico podem trazer consigo, como demonstrado pelo último pronunciamento da Homeland Security. Pelo visto, ele imagina que Olavo de Carvalho está apenas criticando uma promessa de grandeza econômica (existente apenas na cabeça de Narloch) a ser promovida pelos refugiados oriundos dos territórios conflagrados pelo islam político, ou está falando da impressão que os brasileiros cultivam sobre os imigrantes. Se ainda não ficou claro para o homem, pode-se fazer um acréscimo: nenhum desses dois fatores importa. Não interessa o que a população pensa dos imigrantes (não importa que sejam estereótipos negativos ou positivos). Não faz o menor sentido discutir que benefícios econômicos a vinda dessas pessoas pode fomentar. Os mesmos sauditas que financiam o genocida Al-Baghdadi na Síria - e financiaram o onze de setembro - sustentam negócios milionários no ocidente.
O rapaz escreve sobre o proverbial "preconceito anti-polaco" do Paraná - e o faz como alguém que chora um pogrom "anti-polaco", ou um Auschwitz para os infelizes polaco-tupiniquins. É verdade, existiu tal coisa como o alardeado preconceito, mas o cidadão não consegue perceber a desproporção entre a imigração originária de um país no qual nunca, repito, nunca houve um movimento popular sequer remotamente tão brutal e veloz em sua expansão quanto o Estado Islâmico, e a imigração de países que já "exportaram" ao menos um atentado, e com mais de uma dezena de feridos, que marcou a alma do povo francês. Narloch assumiu a velha trava ideológica da qual fala Eric Voegelin: sua corrente política - pode-se assumir que é o libertarianism, ou alguma outra vertente de liberalismo míope, furiosamente ideológica - entende que toda e qualquer restrição à movimentação de pessoas entre países é uma arbitrariedade monstruosa e, portanto, qualquer limitação à imigração só pode ser oriunda de chauvinismo ignorante, ou, para usar o termo que deve ferver de excitação os miolos de tipos "lib" como o colunista, "racismo". O grande problema é que a ideologia não aceita fatos que a contradigam. Se uma análise sugere que uma medida ideológica resultará em desastre - no que , aliás, está resultando neste exato momento -, "pashiol", como diriam os russos, a ideologia vira as costas para os fatos e enfia sua cabeça na areia da fantasia, qual avestruz. É exatamente o que Leandro Narloch está fazendo: que importam os fatos, quando o cidadão decidiu que a imigração é uma dádiva sacrossanta intocável? Se o tema fosse o envio de recursos para movimentos terroristas, "ora, por que não", pouco importa, a liberdade está acima de tudo. Se o tema fosse o comércio com um totalitarismo genocida qualquer, digamos, o cubano, "ora, por que não", a liberdade continua acima de tudo. O sujeito estaria disposto a trocar figurinhas até com o Khmer Vermelho - e gritaria de alegria: "viva a liberdade!", enquanto o regime continuaria alegremente a meter balas na nuca de cada opositor. É assim que funciona o discurso da ideologia libertarian, pouco importa a estupidez e mesmo a maldade da permissividade absoluta, o que importa é que o dinheiro continue a circular.
Vamos aos fatos que Narloch ignora: os japoneses, ucranianos e poloneses não vieram de territórios submetidos à ideologia do terrorismo islâmico. Os japoneses, ucranianos e poloneses não estiveram entre os responsáveis pelos massacres da Califórnia e de Paris - aliás, nunca, na História do Brasil ou de qualquer outro país para o qual tenham ido, fizeram coisa parecida. A mera ideia de comparar camponeses ucranianos com pessoas criadas sob a ideologia islâmica deveria parecer ridícula para o escritor, mas as proporções passam longe do sujeito. A deficiência cognitiva de Narloch o torna incapaz de registrar estes dados, e o faz simplesmente repetir como papagaio: "imigração - bom; restrição - ruim". É curioso que o autor de livros sobre o politicamente correto tenha encontrado uma versão "para chamar de sua" do problema - ela se chama "libertarianismo", ou "liberalismo do cego em tiroteio", e é tão estúpida e catastrófica quanto a versão bolchevique. Leandro, coitado, se fosse um estadista inglês dos tempos das guerras napoleônicas, deixaria o exército francês inteiro passear em Londres, e acabaria com a cabeça no cesto da guilhotina.
O grande problema das ideologias é a incapacidade de análise de situações nas quais seus dogmas principais são questionados. É a impotência diante de dados que contrariem suas expectativas de um paraíso terreno, que será alcançado apenas caso a preciosa cartilha seja seguida, letra por letra, ponto por ponto. E este é exatamente o tipo de erro que não pode ser cometido em uma resposta a uma situação real. A ideologia, como diria Eric Voegelin, é substituta da religião, mas sua promessa de maravilha terrena ("um grande país", diz o "lib") acaba se revelando o desastre. A ideologia emburreceu Narloch, e é por isso que ele continua sendo um idiota.
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