Em palestra proferida durante o Conclave de Brasília, o filósofo e jornalista Olavo de Carvalho fez novas críticas contra o método escolhido pela oposição brasileira para a derrubada do governo Dilma Rousseff. O autor entende que o principal problema a ser discutido deveria ser o método de contagem dos votos empregado na eleição presidencial de 2014 - Olavo de Carvalho, assim como parte da oposição nacional, entende que a "contagem secreta" dos votos, anunciada posteriormente ao fechamento das urnas, configura uma fraude eleitoral. O palestrante ressalta que a oposição deveria ter se focado na ilegalidade usada na condução das eleições que levaram Dilma ao poder - diante deste problema, na visão dele, concentrar-se nos demais crimes significa legitimar o desrespeito ao processo democrático.
Imagem: olavodecarvalho.org |
O autor também faz críticas severas ao que parte da oposição classifica como "normalidade institucional": para ele, as violações identificadas no pleito representam grave ameaça à república e claro favorecimento do esquema de poder da organização supra-partidária do Foro de São Paulo. Partidos ligados ao Foro são acusados de fraudarem eleições na Venezuela, e a mesma companhia responsável pelas máquinas usadas para registro dos votos no país de Nicolás Maduro foi designada para coordenar os procedimentos eleitorais brasileiros. Olavo de Carvalho classificou o impeachment como uma estratégia "lenta, complicada, e que depende sobretudo da classe política", que, para ele, é parte do "estamento burocrático" e aliado do sistema de poder do Partido dos Trabalhadores e siglas satélites.
O escritor destaca: "desviamos o foco da fraude eleitoral para o impeachment, e entregamos aos bandidos a decisão sobre a atual situação. É claro que somos a favor do impeachment, mas deveríamos ter feito uma coisa muito maior, e muito antes: impugnar as eleições de 2014, realizar novas eleições e processar criminalmente os responsáveis pela ocultação da contagem dos votos". O sistema de "contagem secreta", implementado por José Antonio Dias Toffoli, na opinião de líderes oposicionistas como Jair Bolsonaro, poderia ser evitado através da adoção do voto impresso.
Para Olavo de Carvalho, o processo de impeachment "é criticar um delito comum e ignorar absolutamente uma violação contra a condição mais básica para a existência de uma democracia". Ele argumenta que, diante das irregularidades cometidas nas eleições de 2014, todos os delitos subsequentes possuem dimensão mínima, uma vez que a condição fundamental para a existência do Estado democrático é exatamente a possibilidade de cidadãos comuns escolherem seus representantes através do voto. O sistema de "contagem secreta", a partir deste entendimento, subverte princípios básicos da república e, potencialmente, entrega o Estado a projetos de caráter autoritário ou criminoso.
Assista à palestra de Olavo de Carvalho para o Conclave de Brasília na íntegra:
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