sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Clérigo saudita afirma que Estado Islâmico e Arábia Saudita seguem "o mesmo pensamento"

Ontem, quinta-feira, dia 28, o portal de notícias Assyrian Internacional News Agency divulgou vídeo onde o Xeque Adel al-Kalbani,  um dos principais clérigos da Arábia Saudita e ex-Imam da Grande Mesquita de Meca, afirmou que o Estado Islâmico e o regime monárquico mais poderoso da Península Arábica seguem a mesma vertente do Islam. O portal de notícias Jihad Watch, que cobre ações de grupos extremistas maometanos, também divulgou a mensagem de mais de dois minutos, que está disponível no Youtube.
Arábia Saudita, conforme clérigo islâmico, segue versão
"refinada" do salafismo
Imagem: WPTV

Conforme o clérigo islâmico, que já deu pronunciamentos similares ao longo dos últimos anos, "o ISIS é um verdadeiro produto do salafismo [uma das correntes do chamado 'Islam político', ou 'Totalitarismo islâmico']; os xiitas são apóstatas e é bom que a Arábia Saudita 'proteja os cidadãos de ouvirem o dobrar de sinos das igrejas'". O vídeo onde al-Kalbani faz essas declarações foi publicado no Youtube e traduzido pelo Think Tank britânico Integrity - a citação fez parte de uma entrevista concedida pelo Imam ao canal de notícias MBC, que é sediado em Dubai. Ainda no vídeo, o clérigo afirma que "nós [a Arábia Saudita] seguimos o mesmo pensamento, só que de uma maneira refinada. Eles [o Estado Islâmico] retiram suas ideias do que está escrito em nossos próprios livros, eles tiram sua conduta de nossos princípios. Nós não criticamos o pensamento no qual o Estado Islâmico é baseado". A Arábia Saudita e o grupo terrorista em operação na Síria têm por objetivo a implantação de governos que fazem uma interpretação radical do Corão, e tomam inspiração no wahabismo, nas ideias de Sayyid Qutb e outras correntes de pensamento que constituem aquilo que o filósofo Olavo de Carvalho chama de "totalitarismo islâmico" - uma concepção da lei corânica que ganhou força ao longo do século XX, e sofreu influência dos outros sistemas totalitários (como o fascismo).

De acordo com o portal de notícias Jihad Watch, Adel al-Kalbani, apesar de dizer que o regime saudita e o ISIS seguem a mesma interpretação do Islam, teria repetido a versão da história do movimento extremista que diz que o Estado Islâmico teve "sua ascensão como fruto de ações de agências de inteligência". Kalbani afirma que "as agências de inteligência exploram aqueles que seguem uma versão radical do Islam sunita - o salafismo". Ele teria acresentado: "agências de inteligência de outros países podem ter ajudado o Daesh [nome pelo qual os sauditas chamam o ISIS] a crescer, abastecendo-o com armas e munições, e direcionando-os".

Adel al-Kalbani já teve sua entrada no Reino Unido negada, no ano de 2013. Conforme o site Jihad Watch, nenhuma razão oficial foi fornecida para a recusa em receber o líder muçulmano, mas o site especula que a decisão da imigração britânica foi tomada em decorrência das declarações do Imam sobre os seguidores da vertente xiita do Islam. Kalbania acusa os xiitas de serem "apóstatas" - a apostasia (ato de mudar de religião ou abandonar a fé) do Isam é punida com a morte, e o xeque também teria feito declarações em outros momentos pedindo o cumprimento da lei de execução dos que deixam a religião corânica.
Soldados do Estado Islâmico - para o  Imam Adel al-Kalbani, um dos mais importantes clérigos da monarquia que governa
Meca, o ISIS e a Arábia Saudita seguem mesmo ramo do Islam
Imagem: https://goo.gl/Uj6EaC

O regime saudita já foi comparado ao Estado Islâmico por sua interpretação por vezes violenta da Shariah (lei islâmica): o Estado impõe penas severas - incluindo a pena capital - para pessoas que abandonam o Islam, para pessoas que consomem álcool ou para adúlteros. Apesar da similaridade doutrinal, a Arábia Saudita e o Estado Islâmico sao, oficialmente, inimigos. O ISIS afirma, em comunicações oficiais, que pretende derrubar a monarquia e estabelecer uma província na região onde hoje está o governo absolutista wahabista.

As agências de inteligência ocidentais já foram acusadas em outras ocasiões de colaborar com movimentos extremistas islâmicos, e, nos EUA, a administração Obama é apontada como "conivente" com o fundamentalismo por manter diálogo com representantes do chamado "Islam político" como o CAIR - o portal de notícias World Net Daily afirma que a organização faz lobby da irmandade muçulmana. Obama também já foi acusado de impedir investigações a respeito de grupos fundamentalistas maometanos por oficiais da Homeland Security.


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Mais informações - veja a fala de Adel al-Kalbani, disponível em vídeo no Youtube:




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