domingo, 27 de março de 2016

Ministro do Exterior da Rússia sugere criação da "Eurásia"

Sergey Lavrov: proposta do Ministro do Exterior da Federação Russa sugere criação de "entidade política que irá de
Vladivostok até Lisboa"
Imagem: Stato e Potenza

Sergey Lavrov, Ministro do Exterior da Federação Russa, publicou artigo no periódico "Russia in Foreing Affairs" sugerindo a criação da "Eurásia" - o novo "bloco" seria uma entidade política que se estenderia "de Lisboa até Vladivostok", conforme o representante do Kremlin. A proposta "eurasiana" foi elaborada pelo autor russo Aleksandr Dugin - a ideologia estruturada por ele já foi aplicada pelo regime de Vladimir Putin em iniciativas como a criação da "União Eurasiana", em 2014 -  o bloco econômico já inclui ex-repúblicas soviéticas como o Cazaquistão e Belarus. A notícia sobre a proposta de Lavrov para expansão do poder do Estado russo foi veiculada hoje pelo site jornalístico World Net Daily.
Ministro de Estado russo sugere nova etapa da expansão da
influência do regime de Putin sobre a Europa
Imagem: http://goo.gl/uIuJ5e

Segundo a reportagem do WND, "Lavrov acredita que é a hora de estabelecer a 'Eurária' - o ministro de Putin alega que, com 'a adoção do cristianismo pela Rússia em 1988, a nação do Leste Europeu tornou-se parte integral da Europa, e desempenha papel no contexto europeu'. Ele também afirma que 'o desenvolvimento de um novo Estado muitas vezes está associado com o desenvolvimento de uma tecnologia', mas esse processo não necessariamente implica no abandono do 'código cultural nacional'".

Sergey Lavrov também declarou, em sua "proposta", que "há muitos exemplos de sociedades orientais que se modernizaram sem uma quebra radical de suas tradições. Isso é o retrato típico da situação russa, que, na verdade, é parte da civilização europeia". Para ele, conforme o World Net Daily, "a Rússia desempenhou um papel significativo ao longo de toda a História da Europa e também na política europeia contemporânea. Lavrov desenha, em seu artigo, um mundo no qual existe uma releitura da tradicional bipolaridade entre os Estados Unidos e a Rússia, no qual o Estado do leste confronta os EUA através da expansão de seu poder político e influência do Atlântico até o Pacífico - isso seria feito através da nova 'entidade política', a Eurásia. O discurso de criação da Eurásia é, em essência, a descrição do modelo ideológico russo para 'combater os Estados Unidos'".

Em seu discurso, Lavrov citou Charles de Gaulle, que, conforme o WND, é um exemplo arquetípico da estratégia política adotada pela Federação Russa: "não é sem motivo que o ministro fez referência ao líder francês. A França comandada por de Gaulle tinha uma abordagem muito similar à adotada pela Rússia moderna. Após a Segunda Guerra Mundial, a França estava em uma encruzilhada: o país poderia submeter-se à nova superpotência, os EUA - que salvaram a pátria da invasão nazista -, e abrir mão de seu projeto de 'grandeza imperial', ou poderia adotar a retórica contrária aos interesses americanos, para desta forma recuperar parte de seu poder global. A segunda opção pareceu mais atraente para de Gaulle, e o chefe de Estado decidiu aproximar-se da extinta União Soviética para criar um contrapeso ao status norte-americano, e devolver à França um papel internacional como uma das potências econômicas e militares".

O professor Olavo de Carvalho argumenta que a proposta "eurasiana" é a nova abordagem da Rússia para expansão de sua influência sobre as nações da Europa Ocidental - para o analista, o Estado russo deseja criar um eixo "Moscou-Berlim-Paris", que deveria desafiar o poder global dos Estados Unidos.  A proposta também incluiria suporte econômico e militar a países do terceiro-mundo vistos como antiamericanos. Olavo de Carvalho, que debateu com o fundador da ideia "eurasiana", Aleksandr Dugin, afirma que a criação da "Eurásia" faria parte de um projeto maior de aumento global do poder das elites governantes da Rússia e da China, respectivamente controladas por burocratas ligados à atual FSB - Federal'naya sluzhba bezopasnosti, organização que sucedeu à KGB - e ao postos de comando mais importantes do exército da nação do extremo-oriente.

Vídeo - Federação Russa busca expansão da "União Econômica Eurasiana" através de acordos com Egito e Vietnã:


Aleksandr Dugin, autor visto como principal teórico inspirador das decisões estratégicas de Vladimir Putin, incluindo da invasão russa à Ucrânia, também foi co-fundador do movimento "nacional-bolchevique", que também tem por objetivo a criação da "União Eurasiana". As propostas de Dugin são descritas por ele mesmo como "a união do Terceiro Reich [a ideologia nazista] à Terceira Internacional [a ideologia comunista] e à Terceira Roma [o nacionalismo russo]".

Vídeo - Olavo de Carvalho explica o projeto de poder eurasiano:




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