O regime turco, acusado de apoiar grupos extremistas salafistas como o Estado Islâmico, realiza reforma nos currículos escolares, eliminando o ensino de conceitos seculares e favorecendo ideias como a "jihad". O atual governo da potência do Oriente Médio também é acusado de ligações com a organização Irmandade Muçulmana, que serve de inspiração ideológica para grande parte dos movimentos extremistas religiosos que atuam na região. A notícia sobre a reforma curricular em curso na Turquia foi publicada ontem, dia 22, no site oficial da jornalista americana Pamela Geller.
De acordo com Geller, "o novo currículo a ser aplicado nas escolas da Turquia irá abandonar o ensino de teorias científicas como a evolução, e irá acrescentar a orientação em conceitos como a 'jihad'. O governo turco já estabeleceu firmemente o domínio de uma só pessoa [o líder político Recep Tayyip Erdoğan, acusado de ligações com a organização extremista Irmandade Muçulmana]. Agora, o 'califado' está, gradual e inevitavelmente, retornando à nação do Oriente Médio". Além de ser acusado de apoiar movimentos extremistas, Erdoğan adota uma postura política descrita como "neo-otomanismo", que teria o propósito final de garantir a expansão da influência da Turquia sobre as outras nações de maioria maometana sunita, contra as tentativas de avanço de grupos ligados ao governo xiita da República Islâmica do Irã.
A jornalista americana acrescenta, em seu informe, que, segundo reportagem do veículo de comuncação Independent, do dia 18 deste mês, "a decisão de abandonar o ensino da teoria da evolução e acrescentar o ensino da 'jihad' nos currículos escolares dá fundamentos às suspeitas de críticos do regime que argumentam que o atual chefe do Executivo tem o propósito de destruir os princípios seculares do Estado turco. Um dos representantes do sindicato dos professores do país descreveu a mudança nos currículos escolares como 'um passo gigantesco da Turquia na direção errada', e como um esforço do governo para garantir a formação de jovens 'que não questionem' [a influência da ideologia totalitária salafista]. Os críticos também afirmam que o senhor Erdoğan está destruindo as liberdades democráticas, com dezenas de milhares de prisões arbitrárias e com o controle da imprensa, desde o fracasso do golpe no último mês de julho".
Desde a revolução feita por Mustafa Kemal Atatürk, no início do século XX, a Turquia tornou-se um Estado secular, considerado um dos mais democráticos e com mais respeito às liberdades individuais no Oriente Médio, considerando a violência de regimes autoritários em países vizinhos. O exército turco também é considerado uma das bases do secularismo e das instituições que promovem alguma proximidade com os sistemas democráticos. Todavia, conforme os críticos do atual governo, Erdoğan estaria tentando promover "expurgos", no exército, para facilitar a implantação da ideologia autoritária do grupo Irmandade Muçulmana no Estado. Em outubro do ano passado, mais de 50.000 prisões de militares foram realizadas no país, o que sugere o fortalecimento do líder associado a grupos sectários.
Mais sobre o tema - reportagem do veículo de comunicação norte-americano Rebel Media sobre a radicalização do governo de Recep Tayyip Erdoğan:
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