Conforme o programa "Deu na Telha", do canal Terça Livre do Youtube, a nova campanha de concentração de poder empreendida pelo islamista Recep Tayyip Erdogan é uma tentativa de reposicionar a Turquia como o principal ator político no Oriente Médio - a ideia da influência turca foi chamada, em outras épocas, de "otomanismo", conforme o Terça Livre. O quadro foi apresentado por Italo Lorenzon e Allan Dos Santos, e publicado no último dia 20.
De acordo com Italo Lorenzon, a campanha de Erdogan incluiu elementos que lembram as políticas de Hugo Chávez pela concentração de poder nas mãos do chefe do Executivo - o processo se deu através de organização de militância a favor do líder, para constranger oposicionistas, e de um referendo. O autor acrescenta que o processo é uma "revitalização do discurso do 'otomanismo'". Erdogan estaria "desfazendo o processo de gradual laicização e movimentação da política turca em direção a um modelo similar ao dos países europeus".
Recep Tayyip Erdogan já foi acusado por adversários políticos de conferir apoio direto a movimentos terroristas como o Estado Islâmico, no conflito que ocorre na Síria. O líder possui ligações com o movimento extremista "irmandade muçulmana", e é considerado o representante da ideologia chamada "Islã Político" na Turquia. O movimento, inspirado em personalidades como Hassan al-Banna e Sayyid Qutb, tem por objetivo a criação de um Estado integralmente baseado na Shariah, a lei islâmica. Erdogan utiliza a imagem de "moderado", todavia, críticos a seu governo apontam que o objetivo de suas medidas é a gradual radicialização do Estado turco.
De acordo com o canal Terça Livre, Erdogan tenta "restaurar, discretamente, aspectos do Império Otomano, com algum modelo que se aproxime de uma monarquia, mas fazendo uso da imagem de uma 'transição democrática' [através de referendos]. Se ele efetivamente levar esse projeto ao sucesso, ele poderá retomar as reivindicações do Império Otomano sobre todo o Oriente Médio [como principal ator político]. Esse é mais um elemento de desestabilização do Oriente Médio". Na própria Turquia, Erdogan é acusado de "expurgar" quadros das forças armadas, de modo que um eventual regime autoritário por ele estabelecido possa se manter sem enfrentar resistência interna. O país do Oriente Médio, ao longo do Século XX, foi relativamente protegido da influência do extremismo salafista pela ação de militares simpáticos ao secularismo ocidental.
Veja na íntegra - canal Terça Livre discute situação na Turquia e possíveis consequências das políticas de Erdogan no Oriente Médio:
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