O governo Michel Temer deverá, nos próximos dias, promover um aumento na carga tributária para assegurar o "ajuste fiscal" - os pronunciamentos da administração já são recebidos com críticas pela população, fragilizada pela grave crise econômica pela qual passa o Brasil e prejudicada pelas modificações no sistema de aposentadoria pública, entendidas como severas em demasia para com trabalhadores do setor privado e brandas nas alterações dos benefícios de funcionários públicos estatutários. Conforme o site oficial do jornal O Estado de S. Paulo, a decisão pelo aumento da carga tributária está sendo bem recebida por parlamentares, e também incluirá o corte de alguns investimentos, conforme coletiva de imprensa concedida por Henrique Meirelles, Ministro da Fazenda.
Meirelles justifica o aumento da carga tributária com base no endividamento do Brasil, que foi um dos principais fatores que desencadearam a grave crise na qual o país se encontra. A dívida é agravada pela má-gestão de companhias estatais - como a Perobras, a maior do país, que sofreu graves perdas em decorrência de crescimento alavancado, mantido ao longo de anos, não correspondido com aumento no fluxo de caixa - e pelo quadro insustentável do sistema de aposentadorias do Brasil, que oferece pagamentos muito baixos para os funcionários do setor privado (a maior parte dos trabalhadores brasileiros) e muito altos para os do setor estatal (especificamente, os estatutários), de forma independente do volume de impostos pago por cada contribuinte. Analistas já compararam a aposentadoria pública do Brasil com "esquemas de Ponzi" - operações fraudulentas em que as contribuições realizadas não sustentam os prêmios prometidos aos envolvidos.
Conforme Denise Campos de Toledo, comentarista da Rádio Jovem Pan, a compensação do grave endividamento através do aumento de impostos é a "receita adotada desde o desmonte das finanças públicas, promovido pelo último governo". Na percepção de Denise, assim como de outros analistas da situação brasileira, o aumento descontrolado de gastos públicos teve papel importante no quadro atual, agravado pelo fim da grande valorização das commodities, registrado ao longo da década de 2000 - e que ajudou a impulsionar o crescimento econômico do país, antes da crise. A radialista entende que parte das medidas sugeridas pelo governo não serão capazes de fomentar um aumento de arrecadação, e que as concessões a parte do funcionalismo público impedem uma reforma responsável da previdência - ao se levar em consideração o impacto significativo que uma pequena parcela dos trabalhadores do país causa às finanças públicas.
Mais sobre o tema - veja o comentário de Denise Campos de Toledo sobre o "ajuste fiscal":
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